domingo, 28 de dezembro de 2008

Ariane

Já não escrevo por aqui há imenso tempo. O momento da escrita não deve ser forçado, deve ser uma concretização que nos satisfaça. E não me tem apetecido escrever. Assim, deixo-vos um poema de que sempre gostei, talvez pela sua promessa de liberdade.



Ariane


Ariane é um navio.
Tem mastros, velas e bandeira à proa,
E chegou num dia branco, frio,
A este rio Tejo de Lisboa.


Carregado de Sonho, fundeou
Dentro da claridade destas grades...
Cisne de todos, que se foi, voltou
Só para os olhos de quem tem saudades...


Foram duas fragatas ver quem era
Um tal milagre assim: era um navio
Que se balança ali à minha espera
Entre as gaivotas que se dão no rio.


Mas eu é que não pude ainda por meus passos
Sair desta prisão em corpo inteiro,
E levantar âncora, e cair nos braços
De Ariane, o veleiro.


Miguel Torga




quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Greve nacional

Já foi convocada uma nova greve pelos sindicatos da Função Pública, lançada pela CGTP, para o primeiro dia do próximo mês. Segundo a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, a administração pública não é ouvida pelos governantes. Penso que isto não é novidade nenhuma para ninguém. Recordo a “Marcha pela Indignação” que juntou milhares de professores e não surtiu nenhum efeito nas reformas do Ministério da Educação. É lamentável que após tantas manifestações e greves, o Governo perpetue uma posição de distanciamento em relação às reivindicações dos trabalhadores. Uma democracia assim é como um relógio sem pilha. Existe, mas não funciona.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Desertificação interior

Achei interessante a frase de José Leite Pereira escolhida pela edição online do Público, de hoje, retirada do seu artigo de opinião do JN. No meu ver, a resposta à questão da desertificação por parte das instituições autárquicas, com a bênção do Governo, é desanimadora. Não vejo mal algum em que se criem espaços proporcionadores de desenvolvimento regional, mas continuo a ver tais medidas como insuficientes e desfasadas da realidade do interior rural português. Quais serão as verdadeiras prioridades destas povoações? Que se crie emprego e se aposte na formação ou que se construam piscinas com espaço relvado para receber os emigrantes durante o Verão?

Tendo em conta os casos que conheço, sei que, para orgulho da gente lá da terra, ter um nono “estádio” (na prática, um campo com relva espaçada e balneários com água quente, quando há gás) é algo de grandioso, associado a festejos pomposos com direito a foguetes, bombos e bailarico a partir das dez, proporcionado pelo conjunto que veio há dois anos à festa da Santa Isabel. Todas as obras que se vão realizando são úteis à sua maneira, procurando dinamizar locais quase esquecidos nas salas e corredores lá para Lisboa.

O problema da desertificação, no entanto, não se resolve assim, com a já esperada política do betão. Muitas das vezes, os complexos desportivos e culturais criados ficam sem utilização. Se for preciso cria-se uma sala de espectáculos, mas depois não existem fundos suficientes para apoiar grupos dramáticos locais, por exemplo.

Existem obras verdadeiramente valiosas para algumas freguesias, por exemplo, o saneamento. Qual é o problema? Os custos! Mas também não se gasta bastante a construir pavilhões gimnodesportivos? Claro que sim, mas pelo menos ficam à vista de todos para que ninguém olvide quem os mandou erigir e em quem se deve votar nas próximas eleições. Em alguns casos, situações como esta são puro egoísmo.

No interior de Portugal falta criar-se sustentabilidade. Desenvolver projectos que aproveitem os recursos autóctones e, especialmente, os recursos humanos, valorizando-se a formação, seria uma ideia feliz. Não digo que isto já se não faça em alguns locais. No entanto, é de relembrar que, pela norma, um curso de informática para seniores algures na raia nem dá notícia nem boa fotografia. A não ser que algum iluminado por lá passe enquanto grava um documentário sobre o abandono que vai vivendo o interior…

sábado, 1 de março de 2008

Da discussão nasce a luz

Este é o início do blog "O Nome do Cão". Pretende ser um espaço de crítica, exposição de acontecimentos, liberdade ideológica, discussão, debate cívico.


Sejam bem-vindos,

O Nome do Cão